sexta-feira, 31 de agosto de 2012

USP testa células-tronco para tratar esclerose lateral amiotrófica


 

MARCELLE RIBEIRO
 
A terapia celular promete se tornar uma aliada dos pacientes com esclerose lateral amiotrófica (ELA), doença que afeta cerca de 13 mil brasileiros.

Uma nova pesquisa da Universidade de São Paulo (USP) tratou animais com células-tronco, e os resultados iniciais foram bem-sucedidos, segundo a geneticista Mayana Zatz, pesquisadora do Centro de Estudos do Genoma Humano da USP, que participou do I Fórum de Doenças Neuromusculares, realizado este mês em São Paulo.

Cães e camundongos com degeneração muscular foram alvo do estudo. Neles, foram injetadas células-tronco adultas de tecido adiposo e de cordão umbilical. Este tipo de célula tem o potencial de formar diferentes tecidos do corpo.

Por isso, o objetivo esperado era a formação de células musculares nos animais.
— Tivemos resultados positivos em camundongos com distrofia e nos cães também. Mas a amostra analisada ainda é muito pequena. Temos que aumentá-la — afirma Mayana.

Durante o fórum, a geneticista chegou a mostrar imagens de cães que tinham dificuldades para andar e que, após receberem a injeção com células-tronco, passaram a se movimentar com mais facilidade e até a correr. De acordo com Mayana, apesar de os animais terem recebido célulastronco oriundas de tecido humano, não houve rejeição do organismo deles.
A pesquisadora pretende, em breve, injetar células-tronco num camundongo portador da ELA. Um dos complicadores do experimento, porém, é que, uma vez injetadas as célulastronco, os cientistas não conseguem controlar se elas vão se transformar em músculo ou em osso.


PROTEÍNA É FOCO DE ESTUDO

A ELA é uma doença causada pela morte dos neurônios motores.
Os pacientes com ELA sofrem com crescente dificuldade de realizar movimentos e atrofia muscular que, em média, após 3,5 anos, leva à morte. Ainda não há tratamento para a doença.

Outro estudo do Centro de Genoma da USP constatou que, em pacientes com um tipo de ELA — a ELA8 —, uma proteína chamada VAPB aparece em quantidade reduzida.

Segundo o cientista da USP Miguel Mitne Neto, responsável pelo estudo, há indícios de que portadores de outros tipos de ELA também possam ter deficiência dessa proteína.

— Talvez a VAPB seja o ponto chave para desencadear a doença — afirmou Mitne Neto.
A contínua morte dos neurônios motores — responsáveis pela transmissão de impulsos nervosos que possibilitam aos músculos executarem movimentos — caracteriza a ELA.
Os cientistas, no entanto, ainda não sabem o motivo disto.

No Japão, pesquisadores publicaram, há cerca de um mês, estudo em que relataram ter conseguido fazer com que neurônios motores de camundongos com ELA voltassem ao normal após o uso de um medicamento. Não houve ainda teste clínico em humanos.

— Isso é um passo muito importante de tratamento, porque, se a droga funciona em cultura, o próximo passo é testála em pacientes. Aparentemente, eles recuperaram os neurônios, mas numa forma hereditária de ELA (que representa 10% do total dos casos da doença). A gente não sabe se funcionaria em todas as suas formas — explicou Mayana.

Fonte: O Globo
Notícia publicada em: 30/08/2012

Imagem meramente ilustrativa

Cientistas brasileiros do LaNCE fazem células iPS


 Por Antonio Jorge de Melo
Ontem (30/07) eu tive a honra de trocar algumas palavras com o ilustre Neurocientista Dr Stevens Rehen  no chat do Movela no Facebook  sobre uma importante pesquisa que ele e sua equipe estão desenvolvendo sobre células IPS:
 Para quem não sabe, o Dr Stevens é uma das estrelas do seleto cenário de pesquisadores brasileiros que trabalham com pesquisas básicas de  células-tronco embrionárias e células-tronco reprogramáveis (IPS) em modelos in vitro.
Recentemente o LANCE, Laboratório nacional de células-tronco embrionárias da UFRJ conseguiu criar células IPS a partir de células tiradas do corpo humano, colocando assim o Brasil na vanguarda dessas pesquisas ao lado de paises como EUA e Japão.

Vejam o que ele disse em nosso curto diálogo:
         há 10 horas Jorge Melo

o    Parabens pelo excelente trabalho com as IPS, fiquei mt emocionado com a notícia. Esas ct podrão ser utilizadas em estudos exp p infusão?

há 10 horas Stevens Rehen

Obrigado. No futuro certamente, mas não no momento.

Desculpe, esse futuro tem data prevista?

·         há 10 horas Stevens Rehen

o    Não tem, mas os últimos anos de trabalho foram muito bons, poderemos nos surpreender

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Neuralstem Completa Fase I do Experimento com Células Tronco voltado para ELA – Esclerose Lateral Amiotrófica


Rockville, Maryland, 27 de agosto de 2012

A companhia Neuralstem anunciou a conclusão da Fase I do seu experimento com células-tronco neurais da medula espinhal para o tratamento da ELA - Esclerose Lateral Amiotrófica (ou Doença de Lou Gehrig), tendo já sido tratado o décimo oitavo paciente. Este paciente, o terceiro que voltou ao experimento para um sessão adicional de injeções, é também o último da Fase I do experimento, seguindo sua presente configuração, a qual está programada para terminar seis meses após esta última cirurgia.

“Nós estamos muito satisfeitos por termos concluído a Fase I deste experimento inovador, o primeiro aprovado pelo FDA no teste de células-tronco neurais, disse Karl Johe, PhD e presidente do conselho de administração e diretor científico da Neuralstem.

“Houve muitas estreias neste experimento, incluindo as primeiras injeções medulares lombares, as primeiras injeções na região cervical e medular, o primeiro grupo de pacientes a receber ambos”, disse Jonathan D. Glass, MD, diretor do Centro Emory para ELA. “Isso tem exigido um esforço incrível da equipe médica e de apoio da Emory e gostaria de expressar o meu agradecimento a todos eles, bem como reconhecer a generosidade e a coragem dos pacientes e suas famílias”.

“Nós descobrimos que o procedimento é extremamente seguro”, disse Eva Feldman, MD, PhD, diretora da Instituto de Pesquisa Médica Alfred A. Taubman e diretora de pesquisa da Clínica de ELA do Sistema de Saúde da Universidade de Michigan. “Em alguns pacientes, parece que a doença não está mais progredindo, mas é muito cedo para saber se o resultado de um pequeno número de pacientes é de fato significativo”. Feldman é o investigador principal (IP) do experimento e consultor não remunerado da Neuralstem.

Sobre o Experimento

A Fase I do experimento tenta avaliar a segurança das células-tronco neurais na medula espinhal e o método de transplante medular nos pacientes com ELA, e está em curso desde janeiro de 2010. O estudo foi concebido para contemplar até 18 pacientes. Os primeiros 12 pacientes receberam transplante na região lombar da coluna vertebral (parte inferior das costas), começando com pacientes não-ambulatoriais até avançar para aqueles já ambulatoriais.

O experimento então progrediu para o transplante na região cervical da coluna vertebral (parte superior das costas). O primeiro grupo, de três pacientes, foi tratado  somente na região cervical. O último grupo de três recebeu injeções em ambas as regiões da coluna vertebral, ou seja, cervical e lombar. Numa adição ao projeto do experimento, o Food and Drug Administration (FDA) aprovou o retorno dos pacientes previamente tratados para este grupo. O estudo de 18 pacientes será concluído em 6 meses após a cirurgia final.

Sobre a Neuralstem

A tecnologia patenteada da Neuralstem permite a produção de células-tronco neurais do cérebro e da espinal medula humanos em quantidades comerciais, e a capacidade de controlar a diferenciação destas células em neurônios e glia maduros e fisiologicamente relevantes. Neuralstem é um experimento clínico aprovado Pelo FDA, voltado para a Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), muitas vezes referida como Doença de Lou Gehrig, experimento este que foi concedido o status de designação órfão pela FDA.

Além da ELA, a companhia está também visando outras doenças do sistema nervoso central, incluindo lesão medular, paraplegia espástica isquêmica e acidente vascular cerebral crônico. A companhia apresentou um pedido de IND (Investigational New Drug) ao FDA para um experimento de Fase I de Segurança para lesão medular crônica.

A Neuralstem também tem a capacidade de gerar linhagens de células-troncos neurais humanas adequadas para o rastreio sistemático de grandes bibliotecas químicas. Através desta tecnologia de triagem, a Neuralstem descobriu e patenteou compostos que podem estimular a capacidade do cérebro de gerar novos neurônios, possivelmente revertendo patologias do sistema nervoso central. A companhia tem um experimento de segurança na Fase IB, de avaliação do NSI-189, seu primeiro composto molecular para o tratamento de grandes transtornos depressivos. Indicações adicionais podem incluir Encefalopatia Traumática Crônica, Doença de Alzheimer, e Stress Pós-traumático.

Para maiores informações, por favor visite os site www.neuralstem.com

Foto meramente ilustrativa

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Cirurgia-marco para paciente de ELA Ted Harada


Louis Bedigian, 22 de agosto de 2012 07:50

Quando a Neuralstem anunciou que tinha obtido sucesso ao reverter a progressão da esclerose lateral amiotrófica em Ted Harada, 39 anos, muitos se perguntaram se os pesquisadores finalmente tinham chegado à uma cura para a doença. Gizmodo narrou a impressionante história desse homem, que mostrou sinais de recuperação no ano passado, depois de passar por um tratamento experimental com células-tronco.
Harada deve se submeter, ainda hoje, a uma cirurgia no Hospital da Universidade de Emory, em Atlanta. Esta é a parte final de um experimento com 18 pacientes na Fase 1B. Se tudo correr bem, o estudo deve avançar para a Fase 2.
Em abril, Eva Feldman (a principal investigadora do experimento e diretora do Instituto de Pesquisa Médica Alfred A. Taubman e da Clínica de ELA do Sistema de Saúde UM) disse que o estudo “reforça a nossa convicção de que temos demonstrado um caminho seguro, reprodutível e robusto na administração de células-tronco neurais da medula espinhal”.
“A publicação abrange dados de até 18 meses após a cirurgia inicial”, disse a pesquisadora num comunicado à imprensa. “No entanto, devemos ter cautela na interpretação destes dados, pois o experimento não foi concebido nem acionado estatistiscamente para averiguar a questão da eficácia”.
A imprensa nacional, incluindo canais tais como FOX e CNN, tem dado cobertura ao estudo e ao progresso no caso de Harada – o qual já se tornou uma espécie de celebridade em Atlanta, e dentro da comunidade médica.
Durante a parte de Fase 1B do experimento, o principal objetivo da Neuralstem é provar que é seguro injetar células-tronco na medula espinhal. Se isso for comprovado, mais pacientes humanos participarão na próxima fase.
 

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

A Esperança que vem de Atlanta IX: segunda dose de células neurais na medula espinhal de um paciente com ELA.


Tentativa corajosa: neurocirurgiões da Universidade de Emory implantaram uma segunda dose de células neurais na medula espinhal de um paciente com ELA.

Kerry Ludlam, da Universidade de Emory

Esta semana, cirurgiões da Universidade de Emory, em Atlanta, implantaram uma segunda dose de células neurais na medula espinhal de um paciente, parte de um tratamento experimental que visa retardar a progressão da esclerose lateral amiotrófica, ou doença de Lou Gehrig. O paciente Ted Harada é a terceira pessoa a receber a segunda dose neste verão, como parte da experiência. As células são produzidas por uma empresa de Rockland, Maryland, chamada Neuralstem, a qual isola células-tronco do cérebro e da medula espinhal de fetos abortados. Com sua plataforma de terapia celular, a companhia está também visando outras doenças do sistema nervoso central, incluindo lesão medular, paraplegia espástica isquêmica, acidente vascular cerebral crônico e câncer no cérebro.

A ELA destroi gradualmente as conexões entre a medula espinhal e os neurônios motores, roubando dos pacientes toda e qualquer capacidade de locomoção. A esperança é que as células injetadas na medula espinhal propiciem o suporte, talvez pela liberação de fatores de crescimento, evitando a morte de neurônios motores. “Elas trazem os neurônios motores que estão morrendo de volta para o seu estado saudável ou os tornam mais saudáveis, retardando o processo degenerativo", diz Richard Garr, chefe-executivo da Neuralstem.

“Nós descobrimos que o procedimento é extremamente seguro”, afirma Eva Feldman, neurologista da Universidade de Michigan e pesquisadora-líder do experimento. “Em um subgrupo de pacientes, parece que a doença não está mais progredindo”, mas é muito cedo para saber se o resultado nesse pequeno número de pacientes é significativo, diz ela.

Na sua primeira cirurgia, Harada recebeu 10 injecções, cada uma contendo cerca de 100.000 células, nas laterais da sua medula espinhal inferior. Após o procedimento, ele foi capaz de mover seus membros com sinais de força e destreza que superaram suas habilidades antes do tratamento. Se há pacientes com ELA que passam pela experiência de ter breves períodos de melhoria ou estabilização, o fato é que este grau de recuperação é inédito. Nos últimos meses, Harada diz que suas habilidades têm regredido, embora a um ritmo mais lento do que antes do tratamento.

No procedimento desta semana, ao invés de injetar células na parte inferior da coluna de Harada, um cirurgião implantou-as na região superior da medula, onde estão grandes células nervosas que controlam a respiração. Como pacientes de ELA morrem de parada respiratória, os pesquisadores esperam que o tratamento proteja os neurônios motores da medula espinhal superior e previnam ou retardem a perda da função pulmonar.

As células da Neuralstem são um tanto diferente das células estaminais normais, no sentido de que elas têm um destino definido. Através da remoção de células de um feto numa fase específica da sua gestação, a companhia gera células que ainda são capazes de se dividir, transformando-se num tipo específico, tal como no caso das células da medula espinal. Essa característica das células da Neuralstem permite que a companhia teste - em placas de cultura - potenciais medicamentos para tipos específicos de células do sistema nervoso central. A empresa está atualmente em busca de medicamentos que possam proteger e nutrir os neurônios do hipocampo, uma parte do cérebro crítica para a formação e armazenamento de memórias.

Outro experimento com ELA, em curso na Clínica Mayo, está testando um tratamento que injeta células-tronco do próprio paciente em seu fluido espinhal, isoladas a partir do tecido adiposo. Até à data, dois pacientes passaram pelo procedimento. A exemplo do experimento da Universidade de Emory, o estudo da Clínica Mayo é focado na ideia de segurança. Embora tais tratamentos com células-tronco ainda sejam bastante novos e arriscados, a terrível situação dos pacientes com ELA muda a relação entre risco e benefício. “Quando você tem uma doença como a esclerose lateral amiotrófica, onde a sobrevivência média é de dois a três anos após o diagnóstico, sendo uma doença uniformemente fatal, pesquisadores e o FDA acham que é ético tentar abordagens mais desesperadas que carregam risco potencialmente maior”, diz Anthony Windebank, um neurologista que dirige o experimento de Mayo.

Se há comprovação de que o procedimento é seguro, um dos próximos passos para o campo seria modificar geneticamente as células para a produção de fatores de crescimento específicos capazes de impedir a morte do neurônio motor, diz Windebank. “Se há qualquer sinal de eficácia dessas abordagens, em seguida a tradução para a clínica deveria acontecer muito rapidamente”.
FONTE: http://www.technologyreview.com/news/428956/new-cells-for-als-patients/

 

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Panacéia da célula-tronco

                

 

N° Edição: 1876 | 28.Set.05 - 10:00 | Atualizado em 23.Ago.12 - 07:34

Executivo ganha na Justiça direito de se submeter a um transplante com essas estruturas. Caso gera discussão sobre as aplicações da terapia

Lena Castellón e Mônica Tarantino
 

Um caso envolvendo a luta pela vida e o acesso a uma nova esperança de terapia gerou debate entre médicos, cientistas e pacientes na semana passada. Um diretor de um banco de São Paulo, 53 anos, ganhou na Justiça o direito de ser submetido a um transplante de células-tronco – estruturas capazes de se transformar em diversos tecidos do organismo – para tratar de sua doença, a esclerose lateral amiotrófica (ELA). Essa enfermidade é devastadora. Provoca morte de neurônios e fraqueza progressiva dos músculos até causar uma imensa dificuldade respiratória. Cerca da metade dos portadores morre três anos após os primeiros sintomas.
 
Ciente do diagnóstico há nove meses, o executivo está em tratamento no Hospital Albert Einstein (SP). Nesse período soube da existência de uma terapia com células-tronco feita em caráter experimental. A técnica já foi aplicada no Brasil em quatro pacientes com o objetivo de tratar um dos aspectos que podem estar relacionados à doença. De causa desconhecida, suspeita-se que o mal tenha um componente de auto-agressão (o sistema imunológico não reconhece as células do organismo e as ataca). “A manifestação auto-imune é uma hipótese. O que foi feito nos casos em que usamos células-tronco foi tentar evitar esse processo de auto-agressão”, afirma Júlio Voltarelli, pesquisador do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, onde há um grupo dedicado à pesquisa com enfermidades auto-imunes. O procedimento consistiu na substituição das células da medula óssea (responsável pela fabricação das células de defesa) por células-tronco com potencial para “reconstruir” a fábrica, desta vez de maneira correta. Dois pacientes foram atendidos em São Paulo, sendo que o primeiro morreu meses depois. O segundo se mantém estável. Outros dois foram tratados na Bahia e tiveram alguma melhora.
 
Sabedor da experiência, o executivo decidiu recorrer ao transplante. Porém, como o hospitalnão tem protocolo para estudar o tratamento da doença com células-tronco aprovado pelo Conselho Nacional de Ética em Pesquisa (Conep), entidade que regula os estudos com essas células, o paciente procurou o advogado Raul Peris, especialista em direito na área de saúde, para obter na Justiça o direito de recorrer ao método. “Não havia outra opção a não ser garantir o tratamento para evitar danos maiores”, disse Peris a ISTOÉ. A liminar em favor do pedido foi dada pelo juiz José Carlos Motta, da 19ª Vara Federal de São Paulo. “Pareceres médicos recomendaram o transplante como tratamento experimental com chances de melhorar a sobrevida do paciente. Outra alternativa seria assistir passivamente à deterioração trazida pela doença. Levei isso em conta”, explica. Quando saiu a liminar, o executivo tinha perdido os movimentos dos braços e de uma perna e manifestava dificuldade para se alimentar. No dia 11, foi internado para iniciar o processo do transplante.
 
O caso despertou muitas discussões. Afinal, envolve a luta pelo acesso a um procedimento ainda bem longe de ser rotina na medicina. E, em geral, tudo o que se relaciona a células-tronco, até agora, se encaixa nessa categoria. Mas a expectativa em relação a essas estruturas é enorme, e é compreensível que seja assim, principalmente para os que enxergam nessas células a última esperança. No serviço coordenado pelo ortopedista Tarcísio Barros, do Hospital das Clínicas de São Paulo, por exemplo, a busca pela terapia celular é diária. Barros lidera um estudo para avaliar sua eficácia no tratamento de pacientes com lesões de medula. “A procura é grande, especialmente depois da divulgação de boas novas”, conta.
 
Apostar fichas demais nas células versáteis de fato é um problema. A pesquisadora Lygia Pereira, da Universidade de São Paulo, receia que, ante o desespero, doentes partam para qualquer experiência, amparados por medidas judiciais. “Tirar o poder de decisão de um painel como o Conep, constituído por cientistas que visam proteger as pessoas de maus usos da terapia, não me parece correto. Protocolos existem para que doentes não virem cobaias”, alerta. Lygia teme que o ambiente se torne propício para experimentos feitos por quem não tem know-how na terapia. “É uma questão delicada porque, do outro lado, está a agonia de seres humanos”, pondera.
 
Para fazer estudos com células-tronco, a rotina é passar por aprovação no comitê de pesquisa da instituição e no Conep. A razão é efetuar a investigação com segurança. “O desafio é permitir os avanços sem que isso levante falsas expectativas”, diz William Hossne, presidente do conselho. O processo de aprovação pode durar meses. Depois, serão necessários mais alguns anos para concluir o trabalho. Só então é que a terapia estará disponível para todos. Por ora, a maioria dos beneficiados participa de projetos de pesquisa.
 
Mesmo ansiosos, muitos pacientes preferem esperar. É o caso do advogado Carlos Valdejão, 36 anos, presidente de uma entidade de portadores de esclerose múltipla, doença que faz parte de estudos com célula-tronco. Ele usa remédios distribuídos pelo governo e não pensa em se submeter a procedimentos experimentais. “Aguardarei os resultados. Precisamos investir no futuro, mas sem inventar uma panacéia”, diz. A Associação Brasileira de Esclerose Lateral Amiotrófica também recomenda aos doentes que não recorram ao método até que ele seja bem conhecido. Isso não quer dizer, porém, que se deve enterrar a esperança. Para Ricardo Ribeiro dos Santos, da Fundação Oswaldo Cruz da Bahia, os estudos feitos até o momento, se ainda não apontam grandes ganhos, também não sugerem malefícios. “Por isso, é um direito do cidadão recorrer à Justiça para fazer o tratamento. Nesse caso, é uma terapia heróica, situação que ocorre quando não há mais nada a fazer por um paciente”, acredita.
 

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

INSTITUTO BUTATÃ - LABORATÓRIO DE GENÉTICA

 


Contato:  genetica@butantan.gov.br



Descrição do laboratório:

Laboratório de Genética e faz estudos multidisciplinares que contribuem para o desenvolvimento da pesquisa nas diversas áreas em agropecuária, saúde humana e animal, e toxinologia. Estamos realizando estudos com papilomavírus em bovinos e humanos desenvolvendo estratégias vacinais (profiláticas e terapêuticas) e anticorpos monoclonais. Estudo de expressão gênica viral e interação patógeno - célula hospedeira. Trabalhamos com isolamento, caracterização, diferenciação e estudo do potencial terapêutico dos vários tipos de células-tronco e células cancerígenas. Procedemos a clonagem, expressão e seqüenciamento de toxinas isoladas de venenos, analisando a eletro fisiologia da ação dos venenos no sistema nervoso central, investigando multifuncionalidade biológica e potencial terapêutico de toxinas. Estamos formando recursos humanos em todos os níveis de aperfeiçoamento cientifico. Temos projetos apoiados pelas agencias de fomento em nível estadual e federal, com a participação em programas nacionais e internacionais científicos e de inovação tecnológica.

Linhas de Pesquisa Atuais:

1. Pesquisas com células-tronco

Estão sendo implantados protocolos para isolamento, estabelecimento, manipulação, caracterização e diferenciação de células-tronco pluripotentes embrionárias e induzidas, e de células-tronco adultas humanas de diferentes tecidos, em especial as células isoladas de polpa dentária. A contribuição científica dos estudos realizados por nosso grupo tem ajudado a visualizar o real potencial da utilização terapêutica das células-tronco adultas. Estamos desenvolvendo um tratamento que visa à reconstrução da córnea em modelo animal, que é um estudo pré-clinico cujos resultados terão uma aplicação imediata no tratamento das deficiências de córneas em humanos. Além disso, outros estudos prevendo a reconstituição óssea, muscular e de outros tecidos estão em andamento. Nosso grupo solicitou a patente de tecnologia de isolamento e de aplicação terapêutica de células-tronco no Brasil.

Auxílios vigentes:

- Projeto Temático: Celulas-tronco adultas versus células-tronco pluripotentes induzidas. (FAPESP). Coordenador: Profa Dra Irina Kerkis

- Projeto Auxílio de Pesquisa (FAPESP): Ánalise do estado funcional dos gametas masculinos obtidos in vitro a partir de células-tronco embrionarias de camundongo. (FAPESP). Coordenador: Profa Dra Irina Kerkis
2. Estudos em papillomavirus, HPV e BPV: estratégias vacinais.

3. Genética molecular de tumores cutâneos

4. Pesquisas em vírus de papiloma humano (HPV) e o câncer anogenital

5. Efeito de toxinas de venenos ofídicos sobre células tumorais e seu uso como moléculas ransportadoras

6. Genética molecular de genes codificadores de toxinas de venenos ofídicos e efeito das mesmas sobre células tumorais

7. Genética molecular de vertebrados

Butantan desenvolve tratamento inédito contra deficiência visual


Testes em humanos da técnica que utiliza células-tronco retiradas da polpa do dente de leite começam em setembro.


O Laboratório de Genética do Instituto Butantan, órgão da Secretaria de Estado da Saúde, acaba de desenvolver um novo tratamento para pacientes que perderam a visão devido a lesões na córnea. A técnica utiliza células tronco retiradas da polpa de dentes de leite e, a partir de setembro, começa a ser testadas em humanos em parceria com o Instituto da Visão da Unifesp.

O procedimento é indicado para pacientes que apresentam problemas no mecanismo de ação das células límbicas, situadas ao redor das córneas e responsáveis pela regeneração. Nesses casos, essas células perdem a capacidade de reconstruir a superfície do tecido. Com isso, a córnea, que em indivíduos saudáveis é transparente, se torna opaca, levando à perda da visão.

Trata-se de um salto significativo no sentido de devolver a visão para aqueles que tiveram a córnea comprometida em função de queimaduras ou doen çasgenéticas e imunológicas”, afirma a coordenadora do Laboratório de Genética do Butantan, Irina Kerkis.

As células retiradas da polpa do dente de leite são incorporadas ao tecido ocular dos pacientes e recobertas por uma espécie de lente feita de um material semelhante a placenta. A partir daí elas se adaptam a esse tecido e passam a atuar como células límbicas, reconstruindo a córnea degradada e devolvendo a visão ao paciente. “O grande diferencial é que o tecido resultante da aplicação se integra completa e definitivamente ao olho, substituindo com perfeição a estrutura original”, explica a biomédica responsável pela pesquisa, Babyla Monteiro.

As demais vantagens dessa técnica são que o procedimento não é invasivo, resulta em um volume muito maior de células indiferenciadas, não há necessidade que haja relação entre doador e receptor, não envolve questões éticas e é financeiramente viável.

Em um primeiro momento os testes serão aplicados em um grupo de pacientes voluntários que já passaram por cirurgia e não obtiveram resultados satisfatórios, não podem receber enxertos de tecido e não apresentam quadro infeccioso. Os testes devem demorar seis meses e, caso a técnica apresente resultados satisfatórios, será disponibilizada para a população.

Informações:
Assessoria de Comunicação Social do Instituto Butantan
11-3726-7222 ramais: 2063 / 2264

FONTE: http://www.portalnews.net.br/ciencia/5136-butantan-usa-celulas-tronco-do-dente-de-leite-para-curar-cegueira.html




sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Células-tronco: promessas e realidades da terapia celular”.


Por Antonio Jorge de Melo

Do dia 03 a 06/10 acontecerá em S Paulo o 7º Congresso Brasileiro de células-tronco e Terapia Celular. Os principais cientistas e entidades envolvidas com pesquisa de células-tronco do Brasil estarão envolvidas nesse Congresso. Teremos inclusive a presença internacional do Dr Karussis Dimitrios, do Departamento de Neurologia da Faculdade de Medicina Hadassah Center, em Jerusalém, e principal investigador do BrainStorm, empresa de bioteccnologia que desenvolveu o método BrainStorm NurOwn, que se baseia em um protocolo de diferenciação que reprograma as células-tronco mesenquimais da medula óssea (MSC) em neurônios de células de apoio, ondealguns pacientes mostraram sinais claros de regressão da doença e um paciente recuperou sua capacidade de andar e falar”.
Nós, pacientes de ELA, bem como nossos familiares e cuidadores temos em comum 3 coisas:

1º- O terrivel impacto da doença em nossas vidas e todo o sofrimrento e angústia que ela nos proporciona.
2º- A falta de perspectiva de tratamentos inovadores, ainda que experimentais.
3ª-A falta de esperança por dias melhores

No entanto, no que diz respeito a pesquisas com celulas-tronco adultas em ELA, já temos uma diminuta luz no final do tunel, tanto em relação a esse protocolo de Israel quanto ao protocolo de Atlanta, que juntos abrem sim uma oportunidade para discutirmos aqui no Brasil se já não é chegada a hora de termos por aqui um braço desses protocolos. Esse é realmente um assunto de altíssimo interesse para os pacientes de ELA, para seus familiares e cuidadores, o tema é arrebatador e nos remete a um renovar da nossa esperança.
Mas para que consigamos ser ouvidos pelas autoridades e entidades que podem influenciar sobre a vinda desses protocolos para o Brasil, é necessário que estejamos mobilizados, unidos e dispostos a fazer a nossa parte. Assim, convido a todos voces para que façam um esforço sobrenatural para estarmos juntos na palestra que acontecerá no dia 03 de outubro entitulada:
Células-tronco: promessas e realidades da terapia celular”
onde teremos oportunidade de demonstrar a nossa força, a nossa unidade e o nosso desejo de sermos submetidos a tratamentos inovadores com células-tronco, ainda que em fase experimental, para que resgatemos o nosso sagrado direito a uma vida digna e melhor.
Fonte:

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

O Diagnóstico do Rabino que teria sido curado com célula-tronco é provavelmente Miastenia e não ELA

Apesar de anunciar avanço, empresa ressalta cautela quanto às conclusões dos achados iniciais
26/07/2012
 
Um clima de grande euforia tomou conta de toda a comunidade envolvida com a Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) após o relato de um paciente que estaria curado da doença. O caso é do rabino ortodoxo Refoel Shmulevitz Hared, diagnosticado com a doença em 2010, na Mayo Clinic do Minnesota, nos Estados Unidos. O paciente teria apresentado melhores significativas após ser submetido a um tratamento realizado pela BrainStorm Therapeutics Celular, uma empresa israelense biomédica com sede em Petah Tikva, que tem realizado ensaios com NurOwn, tecnologia que utiliza células-tronco adultas humanas para o tratamento de ELA.

Os dados dos ensaios inicias realizados pela BrainStorm, em janeiro deste ano, mostraram que a tecnologia NurOwn não apresentava quaisquer efeitos colaterais e foi aprovada para testes clínicos em seres humanos. Ele também entrou no estatuto de medicamento órfão pela FDA, o que significa que o tratamento tem incentivo financeiro porque é para tratamento de doenças raras. A esperança é que a NurOwn seja capaz de curar pacientes com estágios avançados da ELA, e devolvê-los para uma vida saudável.

"Em poucas semanas após a injeção com células NurOwn, o paciente apresentou melhora dramática em uma variedade de funções incluindo a respiração, fala, caminhada, força muscular e bem-estar geral", disse o professor Dimitrios Karussis, neurologista do Hospital Universitário de Hadassah e o principal investigador de BrainStorm.

A fim de esclarecer a situação, a coordenação do Centro de Estudos do Genoma da USP entrou em contato com um dos pesquisadores envolvidos, Dr Zohar Argov, neurologista do Hadassah. “O paciente em questão apresentava um quadro misto de doenças neuromusculares, incluindo Miastenia, e não uma forma pura de Esclerose Lateral Amiotrófica. A resposta do paciente ao tratamento, como colocado pela mídia, não representa os resultados obtidos pelos testes que estão sendo realizados”, afirmou.

Desde 2011, a companhia desenvolve análises clinicas para verificar a segurança do transplante autólogo de células-tronco de medula óssea. Entretanto, apesar de encorajadores, segundo o Dr. Dimitrius, que estará no Brasil para o VII Congresso de Células-Tronco, que acontece de 03 a 06 de outubro de 2012, na Fecomércio, os resultados de apenas um paciente devem ser avaliados com cautela. "Por enquanto não podemos tirar conclusões científicas com base no resultado de um paciente individual, porém esses resultados são extremamente encorajadores”, explica Dimitrius.

Os pesquisadores de BrainStorm esperam ter resultados de seus testes clínicos realizados no Hospital Hadassah este mês, e planejam realizar mais testes nos Estados Unidos, em conjunto com o Massachusetts General Hospital e da Faculdade de Medicina de Massachusetts.