quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Esclerose lateral amiotrófica: o encontro dos cientistas e pacientes


"O IPG agradece a sua participação no Diálogo Público que foi realizado no dia 04/10/2012 durante o Congresso de Células Tronco. Acreditamos que alcançamos o nosso objetivo que é sempre trazer informação de qualidade a quem é envolvido direta ou indiretamente com a ELA. Em anexo, segue um resumo da Dr Mayana.
Esperamos que mantenham contato e estamos à disposição para o que necessitarem."
Fabiana Bezerra
Gestora de projetos




"Toda vez que sai uma noticia sobre um novo tratamento para esclerose lateral amiotrófica (ELA), a doença que afeta o famoso cientista britânico Stephens Hawkins há um alvoroço entre os pacientes e seus familiares.  Qualquer informação acende uma nova esperança. E não é à toa. Quem convive com a ELA sabe da importância dessas pesquisas. Inúmeros cientistas ao redor do mundo trabalham com esse objetivo: achar um tratamento para essa doença tão cruel. Mas sempre há os aproveitadores ou aqueles que querem fazer sensacionalismo. Como separar o joio do trigo? Foi com esse objetivo que resolvemos promover um encontro – apoiado pelo Instituto Paulo Gontijo entre dois importantes pesquisadores internacionais de ELA e os pacientes.

Essa interação foi programada após a exposição científica que coordenei durante a reunião da ISSCR- International society of stem cell research em São Paulo. Os dois cientistas convidados, Dr. Kevin Eggan da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos e o Dr. Dimitrius Karussis, de Jerusalem ( Hadassah Medical Organization) em Israel, aceitaram conversar com os pacientes após as suas exposições científicas. Nada melhor do que ouvir diretamente da fonte... E cá entre nós, essa linguagem técnica pode ser bem “chata” para quem não é da área.

Quem são os cientistas e o que estão pesquisando?

 O Dr. Eggan, um jovem pesquisador brilhante trabalha em pesquisas básicas. Ele está reprogramando células tronco retiradas da pele (fibroblastos) de pacientes com ELA de modo a obter, em laboratório, neurônios dessas pessoas. É uma linha de pesquisas que também estamos realizando no Centro do genoma e que foi tese de doutorado do hoje Dr. Miguel Mitne-Neto (http://veja.abril.com.br/blog/genetica/sem-categoria/celulas-tronco-abrem-novos-caminhos-na-esclerose-lateral-amiotrofica/) que felizmente continua sendo  um dos nossos grandes colaboradores.   Apresentei esses nossos resultados durante o Congresso. Na prática, as células passam a ser nossos pacientes, o que nos permite fazer inúmeros experimentos para descobrir o que há de errado, o que está matando os neurônios motores e como corrigir o defeito. Uma questão que ainda intriga a todos é como explicar que mutações em diferentes genes (já foram descobertos 16 genes que causam ELA) podem ter o mesmo efeito: causar a morte dos neurônios motores. Mas o que mais nos interessa é tentar descobrir por que pessoas com a mesma mutação podem ter quadros clínicos muito diferentes. O que protege algumas pessoas dos defeitos deletérios da mutação? Quais são os genes protetores? O que fazem? Se descobrirmos, poderemos abrir novos caminhos muito importantes na busca de novos tratamentos.

 Quais são as pesquisas do Dr. Karussis?

O Dr. Karussis, médico neurologista, é  grego, mas vive em Israel há mais de 20 anos. Há 6 meses ele iniciou os primeiros experimentos clínicos com pacientes. Segundo ele, foram dois anos para ter o protocolo aprovado pelas agências reguladoras de Israel. Aprovar novos experimentos clínicos é um processo difícil e demorado em todos os países que se preocupam em minimizar todos os possíveis riscos de cada experiência clínica. Embora muitos se ofereçam para isso, repito: paciente não é cobaia.  Nessa primeira fase, o que se testa é a segurança do procedimento em um grupo pequeno de pacientes, antes de se iniciar a fase II ou III em um grupo maior com grupos controles pareados. O Dr. Karussis está injetando células-tronco retiradas do próprio paciente (medula óssea que é o tutano do osso) – que chamamos de transplante autólogo. As células são retiradas e cultivadas com fatores especiais que, segundo o Dr. Karussis, aumentam o seu potencial neurotrófico, visando à proteção dos neurônios motores. A vantagem de se usar as células do próprio paciente é assegurar-se que não haverá rejeição. A desvantagem é que em alguns casos são pacientes já idosos. Será que suas células poderão trazer os mesmos benefícios que células jovens? Esta é uma das minhas questões.

Como está sendo feita a pesquisa e o que está sendo observado?

Por enquanto são 12 pacientes que estão sendo seguidos há 6 meses. Esses pacientes foram divididos em dois grupos: no primeiro grupo, as injeções são intratecais (são injetadas na região lombar, no líquido espinhal); no segundo grupo são injeções musculares, em um braço e uma perna.  Os resultados preliminares ainda não permitem nenhuma conclusão. Aparentemente o braço e a perna injetados parecem ter mais músculo que o membro colateral que não foi injetado, mas isso ainda precisa ser confirmado. Alguns pacientes mostraram melhora e depois estabilizaram.  Em outros não houve efeito, diz o Prof. Karussis. Em resumo nessa fase, o objetivo é realmente testar a segurança. Ela ainda não permite avaliar o efeito clínico.

A história do rabino

Um dos pacientes submetidos ao tratamento é um rabino de 75 anos. Aparentemente, esse senhor que falava com muita dificuldade e não conseguia andar, começou a andar e a falar com mais facilidade após as injeções com células-tronco. A notícia se espalhou como fogo. Todos queriam ir para Israel e submeter-se ao tratamento do Prof. Karussis. O que há de verdade nisso, perguntamos ao pesquisador. “É verdade, esse senhor tem um diagnóstico de miastenia e sinais de ELA”, respondeu.  Ele teria duas doenças. Portanto, ninguém sabe se as células-tronco tiveram efeito nos sintomas da miastenia e não da ELA, diz o cientista.  Recentemente ele apresentou uma piora e provavelmente receberá uma nova dose de células-tronco, complementou.

Qual é o próximo passo?

As grandes perguntas agora são: que dose injetar? Qual é o melhor local para injetar? As injeções devem ser únicas ou repetidas?  Esperamos que essa primeira fase, realizada em Israel, ajude a responder essas questões . Com isso poderemos pular etapas e acelerar o processo quando iniciarmos o protocolo no Brasil. A boa noticia é que os dois pesquisadores querem colaborar conosco. Nesse sentido, o encontro dos cientistas com os pacientes certamente teve um papel muito positivo e sensibilizou esses pesquisadores. Só posso agradecer a Silvia Tortorella do IPG por ter promovido e apoiado essa reunião. Segundo ela, “a informação e conhecimento sobre a doença são de importância suprema, para que se possa incentivar mais pesquisas no Brasil, mais tratamento e mais qualidade de vida para esses pacientes”.  Entretanto, é fundamental que os ensaios terapêuticos sejam feitos com todo o rigor científico. Como lembrou muito bem o Dr. Miguel Mitne-Neto que também participou do encontro, entendemos que para cada paciente o tempo é crucial. Entretanto, não podemos esquecer que os resultados dessas pesquisas, se bem conduzidas poderão beneficiar milhares de pacientes hoje e amanhã."

 

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Reprogramação celular parecia ficção científica, mas virou realidade

ter, 09/10/12


por Alysson Muotri |
categoria Espiral


Transformar um tipo de célula em outro, como pele em neurônio, parecia coisa de ficção cientifica. Mais incrível ainda era a possibilidade de transformar uma célula já madura numa célula-tronco, ainda não especializada. Essa plasticidade, ou capacidade adaptativa, da célula esbarrava em um dos grandes dogmas da biologia: de que, durante o desenvolvimento, as células do embrião vão se especializando em outros tipos de forma irreversível, formando os tecidos do individuo adulto.
Pois é, esse dogma caiu e, este ano, o prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina reconheceu dois pioneiros da plasticidade celular, John B. Gurdon e Shinya Yamanaka. Segue abaixo minha perspectiva dessa história que está apenas começando e promete ser a grande vedete da medicina no futuro.
(Na foto acima, Gurdon e sua cabeleira impecável. Trabalho com óvulos de sapos quebrou dogma da biologia)
O dogma da identidade irreversível das células começou a despencar com a pesquisa do inglês Gurdon, em 1962, que mostrou ser possível reprogramar células adultas para um estágio embrionário, pela transferência do núcleo em um ambiente propício. Gurdon, um típico Lord inglês, de fala suave e cabeleira farta, criou o ambiente utilizando óvulos de sapos, grandes, fáceis de manusear. A técnica levava o nome de clonagem celular. A observação abriu as portas da imaginação humana e o feito foi replicado em diversas espécies.
Veio então a ovelha Dolly, pelas mãos de Ian Wilmut, mostrando que a clonagem funcionava também em organismos mais complexos. Veio depois o veterinário sul-coreano Hwang Woo-suk, que disse ter feito o mesmo com células humanas. Era fraude. Os resultados “fabricados” foram publicados em 2005 na revista Science e depois retratados. Tornou-se dos maiores escândalos na área de células-tronco. Além disso, o episódio infame trouxe um alerta sobre a ética nesse campo de pesquisa, pois Hwang havia usado óvulos “doados” de estudantes em seu laboratório.
A dificuldade de conseguir óvulos humanos para pesquisa, somada à crescente atmosfera anticélulas-tronco embrionárias humanas promovida por setores mais conservadores da sociedade, emperrou o progresso da ciência nesse campo por alguns anos.
(Abaixo, trecho da revista “Época” de maio 2007, quando o foco da discussão no Brasil ainda eram as células-tronco embrionárias)
 
 
Em paralelo à carreira de Gurdon, o frustrado ortopedista japonês Shinya Yamanaka decidiu seguir a carreia acadêmica, abandonando a medicina. Sua frustração aumentou ainda mais com um período de pós-doutorado nos EUA que não lhe trouxe a satisfação desejada. Yamanaka voltou ao Japão e colaborou com um dos maiores centros de sequenciamento do mundo, o Riken.
Esse grupo estava interessado em estudar quais genes seriam diferentemente regulados em células-tronco embrionárias e em células de tecidos adultos. Ele teve acesso privilegiado à lista de genes que eram ativos unicamente em células-tronco embrionárias. Foi aí que teve a ideia de forçar a atividade desses genes em células somáticas da pele, por exemplo, buscando a reprogramação genética.
Foi literalmente um trabalho de japonês! Yamanaka e seu aluno, K. Takahashi, fizerem o experimento buscando sistematicamente a combinação de genes que levaria à reversão celular. Mais tarde, o próprio Yamanaka reconheceria que esse tipo de experimento jamais seria executado por um estudante não-asiático, em geral mais avessos a experimentos repetitivos e demorados – uma clara demonstração de como a cultura influencia no desenvolvimento da ciência. Apesar da descrença de feras da comunidade científica de que a estratégia funcionaria (por ser simples demais!), Yamanaka prosseguiu e publicou seus achados revolucionários em 2006, em um elegante trabalho na famosa revista “Cell”.
(Abaixo, o simpático Shinya: de ortopedista medíocre a prêmio Nobel em tempo recorde)

Os resultados não repercutiram de imediato. Como os experimentos foram feitos em camundongos, restava saber se o mesmo seria válido para humanos. O próprio Yamanaka desconfiava que talvez fosse preciso uma combinação de diferente de genes, específicos para a espécie humana. Além disso, as implicações da reprogramação não eram óbvias. Porém, estava claro para quem acompanhava a história toda que seria uma questão de tempo até descobrir a combinação exata em humanos. Em entrevista para a revista “Época” em maio de 2007 sobre revoluções na ciência, o pesquisador disse que a reprogramação celular iria dominar completamente a pesquisa em células-tronco. Opinião não compartilhada pelos colegas brasileiros naquele momento, que ainda focavam a discussão no uso de células-tronco embrionárias humanas versus células-tronco adultas.
Foi em dezembro de 2007 que Yamanaka e colegas publicaram um outro artigo na “Cell”, mostrando que a reprogramação funcionava em humanos, com os mesmos fatores que deram certo em camundongos. O impacto agora fora imediato, o fenômeno era altamente reprodutível e foi prontamente replicado por outros laboratórios. A facilidade da técnica foi democrática. Qualquer laboratório do mundo podia reprogramar células, gerando grande excitação na área. Agora seria possível cultivar células-tronco semelhantes às embrionárias, mas oriundas de um pedacinho da pele de um indivíduo adulto. Com elas, podia-se gerar um espectro enorme de células especializadas, contendo o mesmo genoma da pessoa ou do paciente. Essas células, em teoria, não seriam rejeitadas em um futuro transplante celular e poderiam substituir as células-tronco embrionárias derivadas de embriões humanos, pondo um fim na discussão ética.
Talvez a motivação de Yamanaka tenha sido inicialmente o transplante celular. Porém, a aplicação imediata da reprogramação celular aconteceu de forma diferente. Ao capturar o genoma de pacientes em um estágio embrionário, cientistas poderiam agora criar modelos de doenças humanas em laboratório. Acompanhar o desenvolvimento embrionário humano em condições controladas era praticamente impossível, e muito do que sabemos a respeito de doenças vinha de modelos animais (quando existiam).
Um exemplo disso foi descrito pelo meu grupo em 2010, quando mostramos que a técnica de reprogramação podia trazer insights para uma forma sindrômica do espectro autista. Revelamos defeitos em sinapses e mostramos a reversibilidade da condição em neurônios humanos, quebrando outro dogma, agora da neurociência. O trabalho foi publicado na revista “Cell” e contribuiu para coroar a tecnologia de Yamanaka, abrindo perspectivas de modelagem para diversas outras doenças humanas e acelerando a descoberta de novos medicamentos. A tecnologia ecoou também no Brasil. Já no começo de 2011, o trabalho pioneiro da dra. Patrícia Beltrão-Braga mostrou ser possível reprogramar células extraídas da polpa de dentes de leite. Os participantes desse trabalho foram provavelmente os primeiros brasileiros a terem células reprogramadas – ponto para a ciência brasileira.
Isso tudo mostra que a simplicidade do método de Yamanaka foi o fator responsável pela disseminação rápida dessa tecnologia, trazendo resultados imediatos para a pesquisa básica. Efeito semelhante aconteceu com o Nobel de Medicina dedicado ao processo de interferência do RNA, em 2006.
Muitos se questionaram se o prêmio de 2012 não deveria ser divido com Ian Wilmut, cuja equipe clonou a ovelha Dolly, ou James Thompson, o primeiro a cultivar células-tronco embrionárias humanas em laboratório – mas acredito que eles fizeram apenas contribuições incrementais. Outro que deve ter ficado com um gostinho amargo foi o pesquisador alemão radicado em Boston (EUA) Rudolf Jaenisch. Apesar da enorme contribuição de Jaenisch para as pesquisas com células-tronco e, mais recentement, para elucidar como a reprogramação funciona a nível molecular, sua participação não deixa de ser igualmente incremental. Ex-alunos de Jaenisch, em atividades patéticas, até tentaram ressaltar a importância desse grupo, talvez com o intuito de chamar a atenção do Comitê do Nobel. Além disso, acredito que a publicação de uma carta aberta ano passado, assinada por Yamanaka e outros pesquisadores, sobre uma possível dominância de pesquisadores de Boston em certas revistas cientificas, afetou a já remota chance de Jaenisch.
O impacto real da descoberta de reprogramação celular ainda está por vir. Pesquisadores já estão criando formas mais eficientes e seguras de reprogramar células adultas, e o sonho de regeneração usando transplante de células-tronco do próprio paciente fica a cada dia mais próximo. A técnica está sendo usada para modelagem de diversas doenças humanas e vai, com certeza, trazer novas oportunidades terapêuticas. Além disso, o uso menos convencional da reprogramação celular, como para a preservação de espécies em extinção ou estudos evolucionários, estão em andamento. E o emprego dessa técnica parece estar limitado apenas pela criatividade humana.
 
Fonte:http://g1.globo.com/platb/espiral/2012/10/09/reprogramacao-celular-parecia-ficcao-cientifica-mas-virou-realidade/comment-page-0/#comment-10167

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Cientistas reforçam promessas de terapias baseadas em células-tronco

Para pesquisador americano, é uma 'questão de tempo' até a cura de doenças como a aids e a cegueira; cerca de 2 mil testes clínicos estão sendo realizados no mundo e brasileiros são convidados para parcerias com a Califórnia


07 de outubro de 2012 | 3h 05

HERTON ESCOBAR - O Estado de S.Paulo
 


Colônia de células-tronco embrionárias humanas cresce em cultura - Divulgação
Colônia de células-tronco embrionárias
humanas cresce em cultura

Diferentemente de políticos, cientistas costumam ser muito cautelosos com suas promessas de pesquisa. Especialmente em um campo visado e polêmico como o das células-tronco, em que as expectativas da população e a pressão por resultados são altíssimas. Porém, com um orçamento de US$ 3 bilhões e alguns dos mais avançados laboratórios de biologia e terapia celular a sua disposição, o presidente do Instituto de Medicina Regenerativa da Califórnia (Cirm, em inglês), Alan Trounson, não hesita em dizer: "Vamos fazer coisas incríveis com as células-tronco".
  
Entre as "promessas", nada menos que a cura da aids, da cegueira e de várias doenças genéticas, autoimunes e degenerativas, entre outras façanhas. "É uma questão de tempo", disse Trounson, em entrevista exclusiva ao Estado, durante uma visita a São Paulo para conversar com cientistas brasileiros e participar do Congresso Brasileiro de Células-Tronco e Terapia Celular, que terminou ontem. "Vai levar mais alguns anos, mas a cavalaria está chegando."
Trounson lembra que a primeira linhagem de células-tronco embrionárias humanas - marco científico que impulsionou as pesquisas na área - foi criada em 1998, menos de 15 anos atrás. Período que parece uma eternidade para aqueles que esperam desesperadamente por uma cura, mas relativamente curto diante dos inúmeros desafios científicos, tecnológicos, éticos e regulatórios que precisam ser superados para transformar o potencial terapêutico das células-tronco em terapias de fato, comprovadamente eficientes e seguras para uso em seres humanos.
Atualmente, há cerca de 2 mil ensaios clínicos com células-tronco em andamento no mundo, envolvendo uma grande variedade de tipos celulares, traumas e doenças. E mais alguns milhares de ensaios pré-clínicos com animais - etapa obrigatória para a iniciação de pesquisas com seres humanos.
Assim como ocorre na pesquisa de novas drogas, é certo que a grande maioria desses projetos não terá sucesso, no sentido de colocar uma nova terapia no mercado. Mas isso faz parte do processo. Basta ter paciência, diz Trounson, que os resultados práticos das células-tronco virão. "Os testes clínicos 'de verdade' estão só começando. O que está por vir será fantástico."
Parcerias. Pesquisadores brasileiros compartilharam do otimismo de Trounson - apesar de não compartilharem do seu "poder de fogo" tecnológico e financeiro. "Em ciência nunca dá para garantir nada, mas as luzes no fim do túnel são muito promissoras", disse Lygia Pereira, chefe do Laboratório Nacional de Células-Tronco Embrionárias da Universidade de São Paulo, que presidiu o congresso. "O potencial dessas células é real."
Trounson veio ao Brasil em busca de parcerias. O Cirm só pode financiar pesquisas dentro da Califórnia; porém, cientistas de outros países podem submeter projetos para serem realizados em colaboração com instituições californianas financiadas por ele. Com a condição de que cada um pague pela sua parte.
O instituto assinou um acordo de cooperação com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) em março. "O Brasil tem cientistas muito bons", disse Trounson. "Só espero que a colaboração não esbarre em falta de dinheiro."
FONTE:http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,cientistas-reforcam-promessas-de-terapias-baseadas-em-celulas-tronco--,941444,0.htm

Britânico e japonês dividem o Prêmio Nobel de Medicina

José Eduardo Barella, enviado especial a Estocolmo

Os pesquisadores foram premiados por pesquisas complementares que \"descobriram que células maduras podem ser reprogramadas para se tornarem pluripotentes\"

08 de outubro de 2012 | 9h 38
 
 
O britânico John Gurdon, da Universidade de Cambridge, e o japonês Shinya Yamanaka, da Universidade de Kyoto, foram laureados nesta segunda-feira, 08, em Estocolmo (Suécia), com o Prêmio Nobel de Medicina. O anúncio foi feito às 12h locais (7h de Brasília) pelo Comitê Nobel.
 
O japonês Shinaya Yamanaka e o britânico John Gurdon, ganhadores do Nobel de Medicina - Reuters
O japonês Shinaya Yamanaka e o britânico
John Gurdon, ganhadores do Nobel de Medicina

Os pesquisadores foram premiados por pesquisas complementares que "descobriram que células maduras podem ser reprogramadas para se tornarem pluripotentes", de acordo com Goran Hansson, secretário-geral do Comitê Nobel.
 Gurdon, de 79 anos, descobriu em 1962 que a especializacão das células é reversível. Numa experiência clássica, ele substituiu o núcleo celular e maduro de uma célula do ovo de uma rã pelo núcleo de uma célula intestinal madura. Esta célula do ovo modificada deu origem a um girino normal. O DNA da célula madura tinha ainda toda a informação necessária para desenvolver todas as células da rã.
Mais de 40 anos depois, em 2006, o japonês Ymanaka, de 50 anos, descobriu com as células maduras intactas em ratos podiam ser reprogramadas para se transformar em células-tronco imaturas. Surpreendentemente, ao introduzir apenas alguns genes, ele conseguiu reprogramar células maduras para que estas se transformassem em células-tronco pluripotentes -- ou seja, células imaturas que conseguiram se transformar em todos os tipos de células do corpo.
"Essas descobertas revolucionárias mudaram complemente a maneira como vemos o desenvolvimento e especializacão celulares. Compreendemos agora que as células maduras não têm de estar confinadas para sempre ao seu estado especializado. Livros foram reescritos e novas áreas de pesquisas foram estabelecidas. Ao reprogramar as células humanas, os cientistas criaram novas oportunidades para estudar doenças e desenvover métodos de diagnóstico e tratamento", disse Hansson.

Por que a Neuralstem está na China?



A Neuralstem anunciou recentemente que recebeu aprovação para iniciar um estudo para tratar pacientes com AVC na China. O estudo  será realizado no Hospital  Ba Yi, em Pequim. Será o primeiro estudo do mundo onde as nossas células-tronco neurais serão injetadas  diretamente no cérebro para tratar pacientes com distúrbios motores crônicas causados por  acidente vascular cerebral.Mas a história de como nós podemos tratar derrame irá esperar por uma outra coluna. Após o anúncio, muitos de vocês têm perguntado por que uma empresa pequena como a  Neuralstem está fazendo o desenvolvimento de um produto na China? Eu gostaria de garantir a todos os interessados ​​na Neuralstem, que mesmo enquanto os nossos passos podem realmente nos levar para longe de casa, não estamos perdidos.Então, por que a China? Há muitas razões. É claro que o mundo está mudando e não há ciência de classe mundial e medicina de classe mundial que não esteja  sendo praticada em toda parte.  Nós não somos, e não podemos  ser constrangidos pela distância ou cultura. Ba Yi é um hospital de neurocirurgia de primeira classe e um centro de pesquisa. Nós estaremos usando um protocolo desenvolvido  com a Universidade de Pittsburgh para um arquivamento por vir, no futuro, os EUA Nós estaremos usando as mesmas células do mesmo processo de fabricação, que foram aprovados pelo FDA para o nosso ensaio em ELA aqui nos EUA.  Nós estamos confiantes na qualidade do atendimento que nossos pacientes vão receber.Conduzir o estudo na China nos permitirá agregar dados muito mais rápido do que nos EUA. Esta é simplesmente um fato. O FDA tem tido uma abordagem muito cautelosa para terapias com células-tronco neurais. O nosso ensaio em ELA foi limitado a um paciente por mês. O caminho regulatório aprovado na China será mais condensado. Mas o que as pessoas tem que entender, é que isso não significa que ele será, de alguma forma, menos rigorosos. Eficácia é a eficácia, e não é uma coisa  nos EUA e outro na China. Nem  a segurança de alguma forma será uma preocupação menor ou medida de forma diferente de um país para outro. O que difere de país para país são as premissas políticas subjacentes à trajetória de regulamentação.Os EUA via a FDA tem feito a sua escolha sobre um equilíbrio adequado entre o risco de uma nova terapia, e o valor do tratamento de uma  doença incurável. Outros países olham para esse mesmo cálculo e chegam a uma resposta diferente. Não é errado, cada cultura pesa estas coisas e chega a suas próprias conclusões. A China tem um enorme problema de saúde pública em uma enorme população de sobreviventes de AVC não funcionais. Há pelo menos 2 milhões de acidentes vasculares cerebrais isquêmicos sozinhos todos os anos na China. Para colocar isso em perspectiva, provavelmente não há mais de 1 milhão de pacientes sobreviventes  com AVC nos EUA combinados, de todos os anos em que há sobreviventes ainda vivos. É regularmente reconhecido como uma das cinco mais graves questões de saúde pública s da China e sua abordagem mais agressiva é lógica e adequada.Finalmente, a Neuralstem é uma empresa, não uma instituição de pesquisa, e estamos a desenvolver produtos. Nossa missão não é simplesmente fazer a ciência da descoberta, mas  a criação de produtos que podem tratar os pacientes. Nossos pacientes vivem em todo o mundo, e nós precisamos, para desenvolver nossos produtos, estar nos mercados onde estaremos tratando-os. A China será claramente o maior mercado para a nossa terapia em  acidente vascular cerebral, e faz sentido  desenvolver o produto lá primeiro, e começar a comercializar lá primeiro.Então, no final, a China na verdade, oferece-nos uma confluência de oportunidades, um governo motivado que está ativamente buscando novas soluções para um problema de saúde pública estarrecedor; uma instalação  médica e científica de classe mundial , um caminho de regulamentação que reconhece a urgência da questão com uma programação acelerada, a capacidade de realizar a pesquisa em uma fração do custo de um estudo semelhante  nos EUA, e após a conclusão, o acesso ao maior mercado para este produto em particular no mundo.Para nós, a questão nunca foi ", como podemos estar na China?" Para nós, a questão sempre foi, "como não estar?"


FONTE: http://www.neuralstem.com/neuralstem-ceo-blog/138-qnot-all-those-who-wander-are-lostq

Tradutor Google livre

Imagem meramente ilustrativa

sábado, 6 de outubro de 2012

Encontro com os pesquisadores durante o 7º CBCT


 
Dr Dimitrious ao lado da Drª Mayana 


Por Antonio Jorge de Melo

Depois de passar uma agradável tarde com a nossa querida amiga Alexandra Szafir, retornamos ao auditório da Fecomércio no dia 04/10, agora para um encontro com os pesquisadores convidados do evento para um contato com os pacientes, familiares e cuidadores. Estavam lá os pesquisadores brasileiros Miguel Mitne e Mayana Zatz, e os pesquisadores internacionais, Dr Dimitrios Karussis-Departament of Neurology, Hadassa Medical, e Dr Kevin Heggan-Harvard University. Eles fizeram uma breve explanação sobre as pesquisas com células-tronco, e pouco depois foi dada a oportunidade para as perguntas.
Foi perguntado sobre a história do Rabino, e realmente o caso dele ainda não é conclusivo, porque segundo disse o Dr Dimitrios, tanto Miastenia quanto ELA causam sintomas similares. Na 2ª etapa do estudo, quando nova dose de células-tronco serão administradas ao rabino é que eles terão uma ideia mais clara sobre isso. A pergunta que optei em fazer foi sobre o possivel uso compassionado do tratamento com as células-tronco da Brianstorm no Brasil, da mesma forma que o Rabino fez. A resposta do Dr Dimitrious, pelo menos na minha opinião foi bastante evasiva e contraditória, pois ele disse que não valeria esse tipo de ação, pois não atenderia ao conjunto dos pacientes e os resultados não seriam significativos a pesquisa.Dr Dimitrios e Dr Kevin falaram aos pacientes que eles deveriam estar mobilizados, exigindo das autoridades públicas uma resposta as nossas necessidades, reconheceram que os pacientes de ELA vivem um clima de ansiedade e pressa, e que outras possibilidades terapêuticas também pudessem ser levadas em conta na expectativa dos pacientes, e não apenas a terapia com ct. Eles disseram que ainda há questões básicas para serem definidas com esse tratamento, como nº de injeções e local da aplicação. Tudo isso será discutido para que na continuação das pesquisas FASE II, essas questões estejam resolvidas.
 
Nessa altura do evento, a Silvia pediu para o que o mesmo fosse encerrado, mas muitas perguntas ainda não haviam sido feitas, as pessoas estavam receiosas e tímidas para fazer perguntas, e acabei pedindo a palavra para pedir aos pesquisadores que levassem em conta que ao paciente de ELA não resta nenhuma outra alternativa a não ser a morte, e diante desse argumento, qualquer outra questão tem menor significância. Minha colocação foi replicada pelo Dr Miguel, que também pautou suas avaliações na questão da cautela e da segurança. 
Um momento de grande consternação ocorreu quando a filha de um paciente de Brasília em prantos e muito emocionada pediu aos Dr Dimitrious para que seu pai fosse incluido em sua pesquisa clínica. Claro que a rsposta dele foi educada e gentil, mas a proposta foi prontamente desconsiderada.   
A Drª Mayana garantiu, e suas palavras foram ratificadas pelos demais pesquisadores,  que tudo que for possivel para que os tratamentos experimentais com ct comecem a ser feitos em pacientes de ELA o mais breve possivel será feito.
Ao final do evento, a impressão que em mim ficou foi de que o evento foi uma ação esvaziada e pouco produtiva, pois apenas 2 dos palestrantes convidados do evento compareceram, alem da Mayana e do Miguel. Senti a falta da Drª Lygia e do Dr Stevens no evento.  O tempo foi muito curto, e muitas outras perguntas poderiam ter sido feitas, mas o tempo não permitiu. Assim, podemos afirmar que foi possível extrair algo de bom e produtivo desse evento? Sinceramente, não consigo achar uma resposta a essa pergunta. Pois o que ouvimos ali na verdade é o mesmo discurso que já temos ouvido em outros eventos em outras ocasiões, o fato de que os pesquisadores devem ter cautela e cuidado na condução dos ensaios clínicos com ct em humanos, e a sensação de que não foi dito ali o que tanto gostaríamos de ouvir. Em meu “arsenal literário” havia perguntas a serem feitas a Drª Mayana, , a Drª Carolina (HCRP), ao Dr Stevens (LANCE/UFRJ) e ao Dr Dimitrios, que infelizmente terão que ficar para uma próxima oportunidade.