domingo, 26 de fevereiro de 2012

A esperança que vem de Ribeirão Preto



Por Antonio Jorge de Melo

A emoção foi muito grande. Quando li a matéria na Internet falando da possibilidade de termos o primeiro ensaio clínico com CT no Brasil em ELA, a euforia tomou conta de mim. Imediatamente espalhei a notícia nas redes sociais, postei no meu blog, twittei, telefonei p/ amigos de luta... enfim, extravasei da melhor maneira que pude uma notícia pela qual eu ansiava a cada dia da minha vida, desde que tomei conhecimento do meu diagnóstico de ELA.
Pacientes de ELA no Brasil hoje são vítimas de assédio e aliciamento exercido pelo que eu chamo de “agenciadores de CT”, que representam uma ou mais Clínicas de CT na Alemanha. Isso só aumenta a nossa angústia e sofrimento, pois por um lado ouvimos os pesquisadores afirmando de pé junto que ainda não há segurança e evidência científica para se fazer tratamento com CT em larga escala, e por outro lado essas Clínicas nos oferecem um tratamento que eles afirmam ser o que há de melhor na Medicina Regenerativa.

Diante desse terrível dilema, nós pacientes olhamos ao nosso redor em busca de um fio de esperança, mas ela não está perto da gente. Não há uma luz no final do túnel. E em meio a esse cenário por mim descrito chega essa tão boa notícia. Sem exagero, desde que Charcot, eminente Neurologista Frances que em 1869 descreveu pela primeira vez a ELA, pouca coisa mudou. A exceção da aprovação do uso do Riluzol na ELA, o que mais aconteceu no campo do tratamento dessa terrível doença? Absolutamente nada! Pelo menos aqui no Brasil. Nos EUA temos o protocolo de Atlanta  em curso, e em Israel temos o protocolo de Jerusalem, ambos envolvendo pesquisas com CT adultas em ELA sobre o rígido crivo do FDA.

Então é fato que nós pacientes de ELA no Brasil temos sim muito para comemorar quando tomamos conhecimento de que o primeiro ensaio clínico com CT em ELA em nosso país está prestes a começar. É chegada a nossa hora de fazer parte desse exclusivíssimo circuito dos ensaios clínicos com CT em ELA. Isso dá vantagem competitiva ao Brasil, entre tantas outras coisas.
No que depender de nós pacientes, familiares e cuidadores, estamos prontos para nos organizarmos e nos mobilizarmos na defesa dessa causa. Estamos pronto para defender com unhas dentes a aprovação desse protocolo, e que uma nova realidade em nossa vida comece a despertar, com muita Esperança, Luta e Ação.  

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Célula-tronco de cordão umbilical reduz neurodegeneração em roedor

Grupo de cientistas, que inclui brasileira, utilizou técnica para tratar esclerose lateral amiotrófica em camundongos; animais tratados viveram, em média, 5 semanas a mais que os demais

                                                                                                                                                                       Alexandre Gonçalves, O Estado de S.Paulo

Uma terapia que utiliza células-tronco adultas de cordão umbilical humano conseguiu estender a vida de camundongos com esclerose lateral amiotrófica (ELA). O estudo, divulgado na revista científica PLoS One, contou com uma coautora brasileira, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (USP). Os pesquisadores já têm planos de testar o tratamento em humanos. 
Os cientistas utilizaram camundongos transgênicos. Os animais carregavam um gene humano defeituoso que causa a ELA. Na realidade, o gene provoca apenas 5% dos casos da doença em humanos. Ainda não há explicação para os demais. Com 13 semanas, o camundongo transgênico começa a ficar paralítico. O quadro evolui de forma inexorável até a 17.ª semana, quando o roedor morre. 
Os pesquisadores utilizaram cerca de 120 animais na experiência, divididos em quatro grupos. O primeiro recebeu apenas injeções de soro fisiológico. Os demais receberam células-tronco adultas retiradas de cordão umbilical humano. Para evitar rejeição, os cientistas administraram também um imunossupressor.  
Dois grupos foram tratados depois do aparecimento da doença, na 13.ª semana - um deles com uma dose baixa de células e outro com uma dose alta. O último grupo foi tratado na 9.ª semana - portanto, antes do aparecimento da ELA -, com uma solução de poucas células.Resultados. Os animais foram submetidos a testes de coordenação motora e força.  
Os cientistas perceberam que a qualidade e o tempo de vida dos camundongos que receberam as células aumentou significativamente, de modo especial nos grupos tratados antes do aparecimento da doença ou com uma grande quantidade de células. Alguns chegaram a 22 semanas de vida. É um ganho grande em camundongos, embora eles não tenham sido curados", afirma Maria Carolina de Oliveira Rodrigues, médica transplantadora do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (USP).
Ela participou do estudo durante seu pós-doutorado na Flórida, em 2010 e 2011. "Conseguimos estender a vida dos roedores e deixá-los neurologicamente ativos por mais tempo." Ela voltou ao Brasil há seis meses. "O tratamento antes dos primeiros sintomas ainda não interessa para humanos", pondera Maria Carolina. "Não temos marcadores para prever a doença antes de ela aparecer nas pessoas." Os pesquisadores dissecaram os animais e perceberam que o tecido nervoso dos camundongos tratados estava menos inflamado. Havia também um número maior de neurônios intactos.   
Os cientistas ainda formulam hipóteses para explicar a ação terapêutica das células-tronco adultas de cordão umbilical. "Não acreditamos que elas se transformem em neurônios", afirma Maria Carolina. "Devem ajudar as células nervosas que estão inflamadas e, depois, desaparecem." De fato, ao dissecar os camundongos, os cientistas encontraram poucas células humanas no tecido nervoso. Algumas estavam concentradas no baço.   
A pesquisadora enumera quatro hipóteses principais para explicar a ação das células-tronco adultas. A primeira é a ação anti-inflamatória que a terapia pode exercer ao modular a reação do sistema imunológico. As células injetadas também podem secretar fatores que promovem o crescimento de vasos sanguíneos. Substâncias neurotróficas - ou seja, que protegem os neurônios - devem ser produzidas pelas mesmas células. Por fim, também há a hipótese de que elas promovem reparos na barreira hematoencefálica, que protege o cérebro. 
Claudia Maria de Castro Batista, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), ficou gratamente surpresa com os resultados do trabalho. Claudia pesquisa terapias celulares para outra neurológica grave - a doença de Huntington. "Houve uma grande frustração com as células-tronco de cordão umbilical quando a maior parte dos grupos se convenceu de que elas não se transformariam em neurônios", recorda a cientista. "Este trabalho, no entanto, mostra que elas podem trazer benefícios terapêuticos de outras formas, sem se transformar em neurônios." Alguns pais armazenam o sangue do cordão umbilical dos seus filhos na esperança de que ele possa ser útil no futuro tratamento de doenças. Maria Carolina considera que a chance de utilizar as células ainda é remota. "Por enquanto, servem em alguns casos de leucemia", afirma. "Talvez, com novas pesquisas, possam ser úteis para tratar mais doenças."




A esperança que vem de Israel



No dia 11/10/2010, a Cia Brian Storm Cell Therapeutics, uma empresa que atua em pesquisas com  células-tronco adultas, anunciou que o Ministério da Saude de Israel havia concedido autorização para a realização de um estudo FASE I/II utilizando o método NurOwn de terapia com células-tronco em pacientes com ELA. Segundo informou a empresa na época, ela foi a primeira a receber autorização do Ministério da Saude Israelense para realizar esse tipo de estudo com células-tronco naquele país, em parceria com a Hadassah Medical Center, com uma equipe liderada pelo investigador Karussis Dimitrios, MD, PhD da Faculdade de Medicina Hadassah Center, e uma equipe científica da BrainStorm dirigida pelo Prof. Eldad Melamed.

Em fevereiro de 2011 foi a vez do FDA nos Estados Unidos conceder status de medicamento órfão e autorizar o teste deste tratamento, que visa bloquear ou pelo menos retardar a progressão da doença
Somente agora no início de 2012 foram feitos os testes em humanos da nova terapia NurOwn para o tratamento da ELA.
A NurOwn é uma tecnologia que "manipula" as células-tronco adultas retiradas da medula óssea de pacientes e as transforma em células capazes de produzir compostos neuroprotetores e neurotransmissores como a dopamina. As células tratadas são então reinjetadas no corpo do paciente. O método evita o risco bem conhecido de rejeição, bem como a possivel evolução para células cancerígenas, que caracteriza as células-tronco embrionárias.

Segundo antecipa Dimitrios Karussis, chefe do Centro Médico Hadassah de Esclerose Múltipla em Israel, a NurOwn, embora ainda esteja no estágio de provar  a segurança e a tolerabilidade ao tratamento, também já deu alguns, ainda que limitados, sinais de eficácia. Ela parece melhorar a função respiratória, a força muscular e a capacidade de engolir dos pacientes. Mas os resultados da próxima fase experimental vão ainda avaliar a real eficácia da terapia.


quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Células-tronco adultas ou somáticas

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Células-tronco adultas ou somáticas existem por todo o corpo após o desenvolvimento embrionário e são encontrados dentro de diferentes tipos de tecido. These stem cells have been found in tissues such as the brain, bone marrow, blood, blood vessels, skeletal muscles, skin, and the liver. Essas células-tronco
podem ser encontradas em tecidos do cérebro, medula óssea, sangue, vasos sanguíneos, músculos esqueléticos, pele e fígado. They remain in a quiescent or non-dividing state for years until activated by disease or tissue injury. Elas permanecem em um estado inativo ou de não-divisão por anos, até serem  ativadas por uma doença ou lesão tecidual.


Adult stem cells can divide or self-renew indefinitely, enabling them to generate a range of cell types from the originating organ or even regenerate the entire original organ. Células-tronco adultas podem se dividir ou se auto-renovar indefinidamente, permitindo-lhes gerar uma gama de tipos de células do órgão de origem ou mesmo regenerar o órgão original por inteiro. It is generally thought that adult stem cells are limited in their ability to differentiate based on their tissue of origin, but there is some evidence to suggest that they can differentiate to become other cell types. Sabe-se que as células-tronco adultas são limitados em sua capacidade de diferenciação com base no seu tecido de origem, mas há alguns indícios que sugerem que elas podem se diferenciar e  tornar-se em  outros tipos de tecidos celulares.
Fonte: http://www.stem-cells-news.com

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Células-tronco embrionárias


Ciclo embrionário

Células-tronco embrionárias são derivadas de um embrião humano de quatro ou cinco dias de idade que está na fase de  blastocisto de desenvolvimento. The embryos are usually extras that have been created in IVF (in vitro fertilization) clinics where several eggs are fertilized in a test tube, but only one is implanted into a woman. Os embriões utilizados  geralmente são aqueles que foram criados em clínicas de  FIV (fertilização in vitro) onde vários óvulos são fertilizados em um tubo de ensaio, mas apenas um é implantado na mulher.
Células-tronco embrionárias são derivadas de um embrião humano de quatro ou cinco dias de idade que está na fase de  blastocisto de desenvolvimento. The embryos are usually extras that have been created in IVF (in vitro fertilization) clinics where several eggs are fertilized in a test tube, but only one is implanted into a woman. Os embriões utilizados  geralmente são aqueles que foram criados em clínicas de  FIV (fertilização in vitro) onde vários óvulos são fertilizados em um tubo de ensaio, mas apenas um é implantado na mulher.



Fonte:  www.stem-cells-news.com

Sobre Pesquisas com Células-tronco - Parte 1



Por Antonio Jorge de Melo


Existem pesquisas sendo conduzidas com  2 tipos de células-tronco:

-CT embrionárias

-CT adultas

As pesquisas as quais a Drª Mayana se refere (na publicação anterior desse blog) em relação a uma demora para possiveis testes em humanos são com CT embrionárias. Com  relação a CT adultas temos sim diversos estudos experimentais em humanos tanto no Brasil quanto no mundo em várias indicações. Especificamente na ELA existem 2 estudos importantes em andamento:

Mas como a Drª Mayana, outros pesquisadores e profissionais da saude   sempre afirmam, trata-se de estudos experimentais, estudos de FASE I, que servem para avaliar a segurança de uma terapia ou uma nova droga em humanos. A eficácia nesse momento da pesquisa não é um endpoint primário.
Portanto, esses tratamentos  não poderiam e não deveriam   ser oferecidos e cobrados  como tratamentos seguros e estabelecidos, conforme vemos hoje acontecer em alguns paises.
Mas afinal, o que são CT embrionárias e CT adultas? Existe diferença entre elas?
Continua...
























terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Teste com célula embrionária em humanos no Brasil ainda pode demorar, segundo Mayana Zatz



Criadora da Associação Brasileira de Distrofia Muscular, em 1981, Zatz teve atuação fundamental para que os estudos com embriões descartados por clínicas de fertilização fossem permitidos no país. “A aproximação com os pacientes é o que me motivou a brigar pela aprovação das pesquisas com células-tronco embrionárias”, comentou no evento. Segundo ela, o objetivo era ter certeza de que seria possível fazer no Brasil o que estava sendo feito em outros países. "Nós sempre deixamos claro que nossa briga era pela liberdade de pesquisa, e nunca prometemos uma cura", disse.
Em resposta aos internautas que enviaram perguntas sobre as perspectivas de pesquisas com células-tronco embrionárias em humanos, ela foi realista: “Não podemos definir uma data e não estamos atrás de cobaias”, respondeu. Ela esclareceu que ainda é preciso assegurar a segurança das terapias em experimentos com animais, para depois realizar estudos com número muito pequeno de pacientes em estágios mais graves, o que ainda pode demorar.
O grande desafio do uso de células-tronco embrionárias é evitar a formação de tumores, já que é difícil controlar o processo de diferenciação celular. É por isso que a cientista condena a existência de clínicas que oferecem esse tipo de tratamento clandestinamente, como ocorre na China, e ainda por cima a preços altos. “Se é pesquisa não pode ser cobrado, então se alguém estiver cobrando, é preciso tomar cuidado”, alertou. Ela também foi crítica em relação a dermatologistas que oferecem o tratamento conter o envelhecimento da pele: disse que o campo é promissor, mas que ainda é arriscado tentar esse tipo de procedimento pela falta de controle sobre as células.
A pesquisadora também contou um pouco dos dilemas éticos experimentados no trabalho com aconselhamento genético no Centro de Estudos do Genoma Humano. Ela relatou, por exemplo, que aproximadamente 10% dos casos atendidos envolvem falsa paternidade e em muitos casos é preciso contar a verdade aos pacientes.
Segredos dos centenários
Zatz também falou sobre uma pesquisa sobre envelhecimento que está em fase inicial no Centro de Estudos do Genoma Humano. Os pesquisadores estão recrutando brasileiros com mais de 80 anos que sejam saudáveis, para rastrear os fatores genéticos que explicam o fato de certas pessoas chegarem aos 100 com saúde e lucidez.
Recentemente, pesquisadores de Boston, nos EUA, sequenciaram os genomas de dois “supercentenários”, um homem e uma mulher que passaram dos 110 anos. Ambos apresentaram genes associados a diversas doenças, o que reforça a hipótese de que existam outros capazes de anular seu efeito. “Queremos ir atrás desses genes protetores”, conta a cientista.
A cientista conta que mais de 400 idosos já foram inscritos – a pesquisa deve contar com aproximadamente 1.000 pessoas. Todos eles terão seus genomas sequenciados e serão submetidos a uma ressonância magnética. Os interessados em participar do estudo devem escrever para 80mais@gmail.com.